Enquanto esquartejado o pensamento que nos toma, nota a criança que ria, Teo, que aprendeu a pescar com a paciência de seu olhar e a correr descalço pela borda bordada da areia rente ao leito de água, ria das mariposas que levavam o dia para os lados do sol. O enorme número. Teo ria dos números ... Pena, não sobrava nada q não fosse poema. Teo ria das teorias dos números e lia, ainda tatibitate como os mundos se apresentam, a poesia dos seus balés lógicos, as possibilidades do contínuo e não se impressionava com isto. |
A famosa frase de abertura dos Éléments des Mathematiques, Nicolas Bourbaki, dos anos 1970, ilustra o papel da matemática como sinônimo de pensamento puro, exato, perfeito e abstrato. A partir do percurso histórico de construção da forma dedutiva da matemática, verificamos algumas situações da vida que contribuíram no processo de fortalecimento dessa forma de apresentação da matemática, e argumentamos que esta forma dedutiva sempre foi acompanhada por uma outra apresentação matemática mais aderente ao processo de concepção dos conceitos. Esta última, por ser intimamente atrelada à resolução dos desafios apresentados na vida, privilegiou o “fazer”, assumindoa aparência de descrição, procedimentos ou receitas, e refletindo uma compreensão do mundo através de coisas muito imediatas. Percebemos a impossibilidade de uma forma “pura” (puramente dedutiva ou puramente procedimental) para a matemática, e portanto, uma mútua dependência entre as duas formas de apresentação. Vemos também que, na presença de uma configuração de poder que privilegiou o intelecto, a matemática dedutiva se sobrepôs à matemática procedural, situando esta última como um saber desprestigiado ao longo da história antiga. Indicamos sinais de reversão deste quadro a partir de meados do século XX, quando a computação novamente traz luz à matemática procedimental. |
Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia UFRJ |
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